segunda-feira, 16 de junho de 2014

Samba Rasgado - Marlene (1956)

Ai ai, eu não posso ouvir um pandeiro
Que curvo a subir do terreiro
Marcando o compasso no chão

Ai ai, o meu corpo fica tremendo
O ritmo vai acendendo
Um grande braseiro no meu coração

Ai ai, o samba rasgado é de fato
No clube, no morro ou no palco
Concorre somente para vencer

Eu gosto do samba sincopado
Mas francamente, sem esse do ritmo quente,
Tão quente que até queima a gente,
Eu não sinto o menor prazer

O brasileiro canta o samba
A valsa, o chorinho e a macumba
Também no mês de fevereiro
Só se ouve pelas ruas retumbar mulher que "tumba"

Mas quem nos representa no estrangeiro
É o samba ragado brasileiro

Ai ai, o samba rasgado é de fato
No morro, no clube ou no palco
Concorre somente para vencer

Eu gosto do samba sincopado
Mas francamente, sem esse do ritmo quente,
Tão quente que até queima a gente,
Eu não sinto o menor prazer

O brasileiro canta o samba
A valsa, o chorinho e a macumba
Também no mês de fevereiro
Só se ouve pelas ruas retumbar mulher que "tumba"

Mas quem nos representa no estrangeiro
É o samba ragado brasileiro

Zé Ketti / Jaime Silva



1956 - Vamos Dançar com Marlene e Seus Sucessos

Saudosa Maloca - Marlene (1956)

Saudosa maloca, maloca querida
De "donde nóis passemo"
Os dias feliz de nossas vida

Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contar
Que aqui "donde" agora está
Este "adifício arto"
Era uma casa "véia",
Um palacete assobradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Matogrosso e o Joca
Construimos nossa "maloca"

Mas um dia
"Nóis" nem pode se "alembrá"
Veio os "home" com as ferramenta
Que o dono "mandô derrubá"

Peguemos todas nossas coisa
E fumo pro meio da rua
"Apreciá" a demolição
Que tristeza que "nóis" sentia
Cada "táuba" que caía
Doía no coração
Matogrosso quis gritar
Mas em cima eu falei
Os "home tá cá" razão
"nóis arranja" outro lugar

Só "se conformemo"
Quando o Joca falou
Deus dá o frio
Conforme o "cobertô"
E hoje "nós pega" as paia
Nas grama do jardim
E pra esquecer "nóis cantemos" assim:

Saudosa maloca, maloca querida
De "donde nóis passemo"
Os dias feliz de nossas vida

Saudosa maloca, maloca querida
De "donde nóis passemo"
Os dias feliz de nossas vida

Saudosa maloca, maloca querida
De "donde nóis passemo"
Os dias feliz de nossas vida

Saudosa maloca, maloca querida
De "donde nóis passemo"
Os dias feliz de nossas vida

Saudosa maloca, maloca querida
De "donde nóis passemo"
Os dias feliz de nossas vida

Saudosa maloca, maloca querida...

Adoniran Barbosa



1956 - Vamos Dançar Com Marlene e Seus Sucessos

Boato - Elza Soares (1960)

Você foi um boato
Só agora eu sei
Em que acreditei

Andou de boca em boca
No meu coração
Até que um dia
Desmentiu minha ilusão

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato
Tem um fundo de verdade

Haja o que houver
Custe o que custar
Hoje de você eu quero paz

Sei que eu vou chorar
Todo o meu sofrer
Boato só o tempo desfaz

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato
Tem um fundo de verdade

Você foi um boato
Só agora eu sei
Em que acreditei

Andou de boca em boca
No meu coração
Até que um dia
Desmentiu minha ilusão

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato
Tem um fundo de verdade

Haja o que houver
Custe o que custar
Hoje de você eu quero paz

Sei que eu vou chorar
Todo o meu sofrer
Boato só o tempo desfaz, (Dalva)

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato
Tem um fundo de verdade (Miltinho)

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato
Tem um fundo de verdade (Alaíde)

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato
Tem um fundo de verdade

Você foi a mentira
Que deixou saudade
Todo boato...

João Roberto Kelly



1960 - A Bossa Negra

O Samba Brasileiro - Elza Soares (1960)

Gosto de exaltar cantando o samba brasileiro
Ritmo bem quente sem sotaque estrangeiro
Foi por isto mesmo que tirou sua patente
Por ser diferente e tão bom de se dançar

Gosto de exaltar cantando o samba brasileiro
Ritmo bem quente sem sotaque estrangeiro
Foi por isto mesmo que tirou sua patente
Por ser diferente e tão bom de se dançar

Agora minha gente me acompanhe,
Ouça com sinceridade
A cuíca e o pandeiro,

Diga sem intuito de bondade
Se é possível haver no mundo
Requebrado igual

Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Ha-ha! ha-ha!Ha-ha! ha-ha!

Agora minha gente me acompanhe,
Ouça com sinceridade
A cuíca e o pandeiro,

Diga sem intuito de bondade
Se é possivel haver no mundo
Requebrado igual

Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Ha-ha! ha-ha!Ha-ha! ha-ha!

Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Ha-ha! ha-ha!Ha-ha! ha-ha!

Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Pam-pam-pam- pam-pam-padam
Ha-ha! ha-ha!Ha-ha! ha-ha!

Pam-pam-pam- pam-pam-padam...

Claribalte Passos



1960 - A Bossa Negra

Só Vendo Que Beleza (Marambaia) - Elza Soares (1960)

Eu tenho uma casinha lá na Marambaia
Fica na beira da praia, só vendo que beleza
Tem uma trepadeira que na primavera
Fica toda florescida de brincos-de-princesa

Quando chega o verão, eu sento na varanda
Pego meu violão, começo a tocar
O meu moreno que está sempre bem disposto
Senta ao meu lado e começa a cantar

E quando chega a tarde o bando de andorinhas
Voa em revoada fazendo verão
E lá na mata o sabiá gorjeia
Linda melodia pra alegrar meu coração

E às seis horas o sino da capela
Bate as badaladas da Ave-Maria
A lua nasce por detrás da cerca
Anunciando que acabou o dia

E quando chega a tarde o bando de andorinhas
Voa em revoada fazendo verão
E lá na mata o sabiá gorjeia
Linda melodia pra alegrar meu coração

E às seis horas o sino da capela
Bate as badaladas da Ave-Maria
A lua nasce por detrás da cerca
Anunciando que acabou o dia

Eu tenho uma casinha lá na Marambaia
Fica na beira da praia, só vendo que beleza
Tem uma trepadeira que na primavera
Fica toda florescida de brincos-de-princesa

Quando chega o verão, eu sento na varanda
Pego meu violão, começo a tocar
O meu moreno que está sempre bem disposto
Senta ao meu lado e começa a cantar...

Rubens Campos / Henricão



1960 - A Bossa Negra

Primeiro Jornal - Sueli Costa (1979)

Quero cantar pra você
Segunda-feira de manhã
Pelo seu rádio de pilha, bem docemente
E te ajudar a escalar esse dia mais facilmente

Quero juntar minha voz matinal
Aos restos dos sons noturnos
E aos cheiros domingueiros que ainda boiam
Na casa e em você

Para que junto com o café e o pão se dê
O milagre de ouvir latir o coração
Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança
Uma saudade à toa venha nascendo com o dia, numa boa

E estar com você na primeira brasa do cigarro
No primeiro jorro da torneira
Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã

Para que saias com alguma alegria bem normal
Que dure pelo menos, até você comprar e ler
O primeiro jornal...

Sueli Costa / Abel Silva



1979 - Louça Fina

Alegria e a Dor - Sueli Costa (1979)

São duas vizinhas de quarto
A alegria e a dor
E moram tão juntas, que entre elas,
Não há corredor

São duas vizinhas de quarto
A alegria e a dor
E moram tão juntas que entre elas,
Não há corredor

Quando a alegria se levanta
A dor dor espera
E o vento da sorte bate à porta
E abre a janela

Alegria te suplico
Pise leve com cuidado
A dor tem ouvido aflito
E descansa bem ao lado

Alegria te suplico
Pise leve com cuidado
A dor tem ouvido aflito
E descansa bem ao lado

São duas vizinhas de quarto
A alegria e a dor...

Sueli Costa / Abel Silva



1979 - Louça Fina

Louça Fina - Sueli Costa (1979)

Todo o amor carrega
O medo de quebrar
Uma louça fina
No mármore do olhar

E faz quem ama
Ser um gesto incompleto
Que inquietamente paira
Entre o chão e o teto

Por isso é melhor
Deixar o amor correr
Em paz dentro de nós
Como se fosse um rio
Tocar em nossos olhos
Com seus dedos de brilho

E nos fazer queimar
Ou tiritar de frio
E nos fazer queimar
Ou tiritar de frio

É melhor,
Deixar o amor correr
Em paz dentro de nós
Como se fosse um rio
Tocar em nossos olhos
Com seus dedos de brilho

E nos fazer queimar
Ou tiritar de frio
E nos fazer queimar
Ou tiritar de frio

Sueli Costa / Abel Silva



1979 - Louça Fina

Para Os Meninos da Nicarágua - Sueli Costa (1979)

Morreu hoje um numa guerra
Cravejado de lacraias
Estilhaços de granada
Um silêncio de punhais

A gargalhada sem dentes
Da boca do nunca mais
A gargalhada sem dentes
Da boca do nunca mais

Fugiu hoje um de uma guerra
Cravejado de lacraias
Estilhaços na memória
Um silêncio de punhais

Cicatrizes dos amigos
Na vala do nunca mais
Cicatrizes dos amigos
Na vala do nunca mais

Entrou hoje um numa guerra
Cravejado de lacraias
Estilhaços de parentes
Mulheres, filhos iguais

Numa secreta esperança
Um silêncio de punhais
Disposto a doar seu sangue
Gota a gota, a gota, a gota...

Como gotejam os soros
Nas noites dos hospitais
Como gotejam os soros
Nas noites dos hospitais

Sueli Costa / Paulo Emílio / Aldir Blanc



1979 - Louça Fina

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Disparada - Jair Rodrigues (1966)

Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse

Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
Que boiadeiro era um rei

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse

Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei...

Geraldo Vandré / Théo de Barros



1966 - O Sorriso do Jair

Chão de Estrelas - Jair Rodrigues (1966)

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos risos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão lá no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou

E quando do sol a claridade
Forra meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba-rôla que voou

Nossas roupas comuns, dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival

Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão

Tu pisavas nos astros destraída
Sem saber que a aventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão

Orestes Barbosa / Silvio Caldas




1966 - O Sorriso do Jair

A Rita - Jair Rodrigues (1966)

A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela, meu assunto
Levou junto com ela o que me é de direito
E arrancou-me do peito, e tem mais

Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel

A Rita matou nosso amor de vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão, porque não tinha não
Mas causou perdas e danos

Levou os meus planos, meus pobres enganos
Os meus vinte anos, o meu coração
E além de tudo, me deixou mudo
O violão

A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela, meu assunto
Levou junto com ela o que me é de direito
Arrancou-me do peito, e tem mais

Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel

Mas a Rita matou nosso amor de vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão, porque não tinha não
Mas causou perdas e danos

Levou os meus planos, meus pobres enganos
Os meus vinte anos, o meu coração
E além de tudo, me deixou mudo
O violão

E além de tudo, me deixou mudo
O violão...

E além de tudo, me deixou mudo
O violão.

Chico Buarque



1966 - O Sorriso do Jair

Vem Chegando A Madrugada - Jair Rodrigues (1966)

Cai, cai, sereno devagar,
Meu amor está dormindo...

Vem chegando a madrugada, oi
O sereno vem caindo,
Mas vem chegando a madrugada, oi
O sereno vem caindo

Cai, cai, sereno devagar,
O meu amor está dormindo
Cai, cai, sereno devagar,
O meu amor está dormindo

Deixa dormir em paz,
Uma noite não é nada,
Não acorde meu amor,
Sereno, da madrugada

Deixa dormir em paz,
Uma noite não é nada,
Não acorde meu amor,
Sereno, da madrugada

Mas vem chegando a madrugada, oi
O sereno vem caindo,
Vem chegando a madrugada, oi
O sereno vem caindo

Cai, cai, vai sereno devagar,
O meu amor está dormindo
Cai, cai, sereno devagar,
O meu amor está dormindo

Deixa dormir em paz,
Uma noite não é nada,
Não acorde meu amor,
Sereno, da madrugada

Deixa meu amor dormir em paz,
Que uma noite não é nada,
Não acorde meu amor,
Sereno, da madrugada!

Sereno da madrugada,
Deixa meu amor dormir,
Sereno da madrugada!

Zuzuca / Noel Rosa




1966 - O Sorriso do Jair