quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Esse Cara Sou Eu - Roberto Carlos (2012)

O cara que pensa em você toda hora
Que conta os segundos se você demora
Que está todo o tempo querendo te ver
Porque já não sabe ficar sem você

E no meio da noite te chama
Pra dizer que te ama
Esse cara sou eu

O cara que pega você pelo braço
Esbarra em quem for que interrompa seus passos
Está do seu lado pro que der e vier
O herói esperado por toda mulher

Por você ele encara o perigo
Seu melhor amigo
Esse cara sou eu

O cara que ama você do seu jeito
Que depois do amor você se deita em seu peito
Te acaricia os cabelos, te fala de amor
Te fala outras coisas, te causa calor

De manhã você acorda feliz
Num sorriso que diz
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu

Eu sou o cara certo pra você
Que te faz feliz e que te adora
Que enxuga seu pranto quando você chora
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu

O cara que sempre te espera sorrindo
Que abre a porta do carro quando você vem vindo
Te beija na boca, te abraça feliz
Apaixonado te olha e te diz
Que sentiu sua falta e reclama
Ele te ama

Esse cara sou eu
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu...

Roberto Carlos



2012 - Compacto - Esse Cara Sou Eu



sábado, 1 de dezembro de 2012

Gente Humilde - Angela Maria (1970)

Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar

Igual a tudo quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem, de algum lugar
Aí me dá uma inveja dessa gente
Que vai em frente, sem nem ter com quem contar

São casas simples, com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda, flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem como encostar

Aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar

Garoto / Chico Buarque / Vinicius de Moraes




1970 - Angela de Todos os Temas

Viola Enluarada - Angela Maria (1970)

A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra
Mata o mundo, fere a terra

A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino
Louvo a morte

Viola em noite enluarada
No sertão é como espada
Esperança, de vingança

O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta
Capoeira

Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira
Pra defendê-la se levanta e grita: eu vou

Mão, violão, canção, espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade

Porta-bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade

Porta-bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade, liberdade, liberdade...

Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle




1970 - Angela de Todos os Temas




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Falando de Amor - Alaíde Costa (2000)

Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se eu pudesse esse amor todo dia

Chega perto, vem sem medo
Chega mais meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro canção

Se soubesses como eu gosto
Do seu cheiro, seu jeito de flor
Não negavas um beijinho
Pra quem anda perdido de amor

Chora flauta, chora pinho
Choro eu, o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor

Quando passas, tão bonita
Nessa rua banhada de sol
Minha alma segue aflita
E eu me esqueço até do futebol

Chega perto, vem sem medo
Foi pra ti meu coração
Que eu guardei esse segredo
Escondido num choro canção
Lá no fundo do meu coração...

Tom Jobim




Borandá - Edu Lobo (1965)

Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não
Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não

Borandá
Que a terra já secou, borandá
É, borandá,
Que a chuva não chegou, borandá

Borandá
Que a terra já secou, borandá
É, borandá,
Que a chuva não chegou, borandá

Já fiz mais de mil promessas
Rezei tanta oração
Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não
Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não

Borandá
Que a terra já secou, borandá
É, borandá,
Que a chuva não chegou, borandá

Vou me embora,
Vou chorando
Vou me lembrando
Do meu lugar

É, borandá
Que a terra já secou, borandá
É, borandá,
Que a chuva não chegou, borandá

Quanto mais eu vou pra longe
Mais eu penso sem parar
Que é melhor partir lembrando
Que ver tudo piorar
Que é melhor partir lembrando
Que ver tudo piorar

Borandá, borandá, borandá...
Vam'borandá...

Edu Lobo




1965 - A Música de Edu Lobo por Edu Lobo

Fica - MPB-4 (1967)

Diz que eu não sou de respeito
Diz que não dá jeito
De jeito nenhum

Diz que eu sou subversivo
Um elemento ativo, feroz e nocivo
Ao bem-estar comum

Fale do nosso barraco
Diga que é um buraco
Que nem queiram ver

Diga que o meu samba é fraco
E que eu não largo o taco
Nem pra conversar com você

Mas fica, mas fica ao lado meu
Você sai e não explica
Onde vai e a gente fica
Sem saber se vai voltar

Diga ao primeiro que passa
Que eu sou da cachaça
Mais do que do amor

Diga e diga de pirraça
De raiva ou de graça
No meio da praça, é favor

Mas fica, mas fica ao lado meu
Você sai e não explica
Onde vai e a gente fica
Sem saber se vai voltar

Diz que eu ganho até folgado
Mas perco no dado
E não lhe dou vintém

Diz que é pra tomar cuidado
Sou um desajustado
É o que lhe agrada, meu bem

Mas fica, mas fica, meu amor
Quem sabe um dia
Por descuido ou poesia
Você goste de ficar

Diz que eu não sou de respeito
Diz que não dá jeito
De jeito nenhum

Diz que eu sou subversivo
Um elemento ativo, feroz e nocivo
Ao bem-estar comum

Chico Buarque




1967 - MPB-4

Tudo É Magnífico - Elizete Cardoso (1961)

Magnífica é aquela tragada
Puxada depois do café
Magnífica é a escola de bola
De um homem chamado Pelé

Magnífico é o papo da tarde,
Na mesa de amigos no bar
Magnífico é o barco voltando,
Depois dos castigos do mar

Magnífica é a lágrima calma,
Que tantos segredos contém
Magnífico é o homem do espaço,
Voando no céu de ninguém

Formidável sou eu, que abraço no espaço,
A saudade de alguém
Formidável sou eu esperando,
Sabendo que você não vem

Formidável sou eu, que abraço no espaço,
A saudade de alguém
Formidável sou eu esperando,
Sabendo que você não vem

Luis Reis / Haroldo Barbosa




1961 - A Meiga Elizete Nº 2

Chora Cavaquinho - Orlando Silva (1961)

Chora cavaquinho, chora
Chora violão também
Que o nosso amor foi embora
Deixando saudade em alguém

Chora cavaquinho, chora
Chora violão também
Que o nosso amor foi embora
Deixando saudade em alguém

Quantas vezes ele cantava
Alegrando o meu coração
O seu cantar redobrava
Fazendo sentir o violão

Chora cavaquinho, chora
Chora violão também
Que o nosso amor foi embora
Deixando saudade em alguém

E não tendo mais esperança
Na morte vive pensando
Parece inocente criança
Um pobre cavaquinho, triste chorando

Chora cavaquinho, chora
Chora violão também
Que o nosso amor foi embora
Deixando saudade em alguém

Waldemar de Abreu (Dunga)



Chove Lá Fora - Agostinho dos Santos (1957)

A noite está tão fria
Chove lá fora
E esta saudade enjoada
Não vai embora

Quisera compreender
Porque partiste
Quisera que soubesses
Como estou triste

E a chuva continua
Mais forte ainda
Só Deus sabe dizer
Como é infinda

A dor de não saber
Saber lá fora
Onde estás, como estás
Com quem estás agora

A noite está tão fria
Chove lá fora
E esta saudade enjoada
Não vai embora...

E a chuva continua
Mais forte ainda
Só Deus sabe dizer
Como é infinda

A dor de não saber
Saber lá fora
Onde estás, como estás
Com quem estás agora...

Tito Madi




1957 - Uma Voz e Seus Sucessos

terça-feira, 17 de julho de 2012

Gostava Tanto de Você - Tim Maia (1973)

Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...

Você marcou na minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato

Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...

Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Eu, eu gostava
Gostava tanto de você
Eu, eu gostava, de você...

Édson Trindade






Música No Ar - Tim Maia (1973)

Música no ar
Entre a terra, céu e o mar
Tanto pra dizer
E se ouve lamentar

Saiba quem quiser saber
Só o viver é que é viver
Entre ontem, hoje e amanhã
Vive quem souber querer

Música no ar
Entre a terra, céu e o mar
Tanto pra dizer
E se ouve lamentar

Saiba quem quiser saber
Só o viver é que é viver
Entre ontem, hoje e amanhã
Vive quem souber querer

Música no ar
Entre a terra, céu e o mar
Tanto pra dizer
E se ouve lamentar

Saiba quem quiser saber
Só o viver é que é viver
Entre ontem, hoje e amanhã
Vive quem souber querer

Tim Maia






Réu Confesso - Tim Maia (1973)

Venho lhe dizer se algo andou errado
Eu fui o culpado, rogo o seu perdão
Venho lhe seguir, lhe pedir desculpas
Foi por minha culpa a separação

Devo admitir que sou réu confesso
E por isso eu peço, peço pra voltar
Longe de você já não sou mais nada
Veja é uma parada viver sem te ver

Longe de você já não sou mais nada
Veja é uma parada viver sem te ver
Perto de você eu consigo tudo
Eu já vejo tudo, peço pra voltar

Devo admitir que sou réu confesso
E por isso eu peço, peço pra voltar

Longe de você já não sou mais nada
Veja é uma parada viver sem te ver
Perto de você eu consigo tudo
Eu já vejo tudo, peço pra voltar

Tim Maia






quarta-feira, 4 de julho de 2012

Domingo No Parque - Gilberto Gil (1968)

O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!

A semana passada
No fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde
Saiu apressado
E não foi prá Ribeira jogar
Capoeira!
Não foi prá lá
Pra Ribeira, foi namorar

O José como sempre
No fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo
Um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio

Foi no parque
Que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João

O espinho da rosa feriu Zé
(Feriu Zé!) (Feriu Zé!)
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Foi dançando no peito
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!

O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Oi girando na mente
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!

Juliana girando
Oi girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
O amigo João (João)

O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando

Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!

Amanhã não tem feira
Ê, José!
Não tem mais construção
Ê, João!
Não tem mais brincadeira
Ê, José!
Não tem mais confusão
Ê, João!

Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!

Gilberto Gil






segunda-feira, 2 de julho de 2012

Trem das Cores - Caetano Veloso (1982)

A franja da encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial

Caetano Veloso




Queixa - Caetano Veloso (1982)

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza

Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água

Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria

Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga...

Caetano Veloso






Cavaleiro de Jorge - Caetano Veloso (1982)

Cavaleiro de Jorge
Seu chapéu azul
Cruzeiro do Sul no peito

Cavaleiro de Jorge
Sem medo nenhum
O número um direito

Sempre firme sobre o cavalo
Impávido-turquesa
Estrada ou mesa de bar

Sempre mil pavões-força
De beleza pura e simples
Como uma onda do mar

Cavaleiro de Jorge
Potência de amar
Senhor do lugar inteiro

Cavaleiro de Jorge
Seu chapéu azul
Cruzeiro do Sul no peito

Cavaleiro de Jorge
Sem medo nenhum
O número um direito

Sempre firme sobre o cavalo
Impávido-turquesa
Estrada ou mesa de bar

Sempre mil pavões-força
De beleza pura e simples
Como uma onda do mar

Cavaleiro de Jorge
Potência de amar
Primeiro lugar inteiro

Cavaleiro de Jorge
Potência de amar
Senhor do lugar inteiro

Caetano Veloso






quarta-feira, 20 de junho de 2012

Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar) - Tim Maia (1971)

Vou pedir pra você voltar
Vou pedir pra você ficar
Eu te amo
Eu te quero bem

Vou pedir pra você gostar
Vou pedir pra você me amar
Eu te amo
Eu te adoro, meu amor

A semana inteira
Fiquei esperando
Pra te ver sorrindo
Pra te ver cantando

Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar, se quer amar

De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero

Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar...

Te espero para ver se você vem
Não te troco nesta vida por ninguém
Porque eu te amo
Eu te quero bem

Acontece que na vida a gente tem
Que ser feliz por ser amado por alguém
Porque eu te amo
Eu te adoro, meu amor

A semana inteira
Fiquei esperando
Pra te ver sorrindo
Pra te ver cantando

Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar, se quer amar

De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero

Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar
Só quero amar...

A semana inteira
Fiquei esperando
Pra te ver sorrindo
Pra te ver cantando

Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar, se quer amar

De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero

Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar

A semana inteira
Fiquei esperando
Pra te ver sorrindo
Pra te ver cantando...

Tim Maia



Barravento - Jair Rodrigues (1964)

Noite de breu sem luar
Lá vai saveiro pelo mar
Levando Bento e Chicão,
Lá vai o pranto, uma oração

Se barravento chegar,
Não vai ter peixe pra vender
Filho sem pai pra criar,
Mulher viúva pra sofrer

Salve mãe Iemanjá, barravento
Não deixe ele chegar
Não leve o bom Chicão, barravento
Salve mãe Iemanjá

Não quero mais viver, Janaína
Se Bento não voltar
Meu coração vai ser barravento,
Salve mãe Iemanjá

Noite de breu sem luar
Lá vai saveiro pelo mar
Levando Bento e Chicão,
Lá vai o pranto, uma oração

Se barravento chegar,
Não vai ter peixe pra vender
Filho sem pai pra criar,
Mulher viúva pra sofrer

Salve mãe Iemanjá, barravento
Não deixe ele chegar
Não leve o bom Chicão, barravento
Salve mãe Iemanjá

Não quero mais viver, Janaína
Se Bento não voltar
Meu coração vai ser barravento,
Meu coração vai ser barravento,
Meu coração vai ser barravento,
Salve mãe Iemanjá

Sérgio Ricardo



Sabotagem No Morro - Aracy de Almeida (1965)

Eu quase que chorei
Quando alguém me falou
O salgueiro não sai

É sabotagem, não está legal
As cabrochas gastaram dinheiro,
Meu samba está pronto
Pro ensaio geral

Eu quase que chorei
Quando alguém me falou
O salgueiro não sai

Encontrei tamborins e cuícas
Em pedaços jogados no chão
O estandarte da escola rasgado
Na porta do meu barracão

Eu saí pelo morro correndo
Com o livro de ouro na mão
Sete peles de gato resolvem a situação
Pra fazer um tamborim?

Eu quase que chorei
Quando alguém me falou
O salgueiro não sai

É sabotagem, não está legal
As cabrochas gastaram dinheiro,
Meu samba está pronto
Pro ensaio geral

Eu quase que chorei
Quando alguém me falou
O salgueiro não sai

Encontrei tamborins e cuícas
Em pedaços jogados no chão
O estandarte da escola rasgado
Na porta do meu barracão

Eu saí pelo morro correndo
Com o livro de ouro na mão
Sete peles de gato resolvem a situação
Pra fazer um tamborim?

Haroldo Lobo / Wilson Batista



domingo, 10 de junho de 2012

Ronda - Maria Bethânia (1978)

De noite eu rondo a cidade
A lhe procurar, sem encontrar
No meio de olhares espio
Em todos os bares
Você não está...

Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho, alegria me dá
Nele você está...

Ah! Se eu tivesse
Quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, essa busca é inútil
Eu não desistia ...

Porém com perfeita paciência
Sigo a te buscar, hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando dadinhos, jogando bilhar...

E nesse dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida São João...

Paulo Vanzolini



1978 - Álibi



sexta-feira, 8 de junho de 2012

A Banda - Nara Leão (1966)

Estava à toa na vida,
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro, parou
O faroleiro que contava vantagem, parou
A namorada que contava as estrelas
Parou para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada, sorriu
A rosa triste que vivia fechada, se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Estava à toa na vida,
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto o que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar depois que a banda passou
E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor
Depois da banda passar cantando coisas de amor

Depois da banda passar cantando coisas de amor
Depois da banda passar cantando coisas de amor
Depois da banda passar cantando coisas de amor...

Chico Buarque





Mamãe Passou Açúcar em Mim - Wilson Simonal (1966)

Lá Lá Lá Lá Lalalalalá!
Lá Lá Lá Lá Lalalalalá!
Lá Lá Lá Lá Lalalalalá!

Eu sei que tenho
Muitas garotas
Todas gamadinhas por mim

E todo dia, é uma agonia
Não posso mais andar na rua
É o fim...

Eu era neném
Não tinha talco
Mamãe passou açúcar em mim...

Sei de muito broto
Que anda louco
Pra dar uma bitoca em mim

E na verdade
Na minha idade
Eu nunca vi ter tanto broto assim...

Eu era neném
Não tinha talco
Mamãe passou açúcar em mim...

Lá Lá Lá Lá Lalalalalá!
Lá Lá Lá Lá Lalalalalá!
Lá Lá Lá Lá Lalalalalá!

Carlos Imperial






Lamento no Morro - Roberto Paiva (1956)

Não posso esquecer
O teu olhar
Longe dos olhos meus

Ai, o meu viver
É de esperar
Pra te dizer adeus

Mulher amada
Destino meu
É madrugada
Sereno dos meus olhos já correu

Não posso esquecer
O teu olhar
Longe dos olhos meus

Ai, o meu viver
É de esperar
Pra te dizer adeus

Mulher amada
Destino meu
É madrugada
Sereno dos meus olhos já correu

Longe dos olhos meus...

Mulher amada
Destino meu
É madrugada
Sereno dos meus olhos já correu

Longe dos olhos meus
Longe dos olhos meus...

Tom Jobim / Vinicius de Moraes






sábado, 2 de junho de 2012

A Palo Seco - Belchior (1976)

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava

Sei que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português:
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português:

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues

Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues

Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês

Belchior



Ela Desatinou - Chico Buarque (1968)

Ela desatinou, viu
Morrer alegrias,
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando
E ela inda está sambando

Ela não vê que toda gente, já
Está sofrendo normalmente
Toda a cidade anda esquecida,
Da falsa vida, da avenida

Onde ela desatinou, viu
Chegar quarta-feira
Acabar brincadeira,
Bandeiras se desmanchando

E ela inda está sambando
E ainda está sambando

Ela desatinou, viu
Morrer alegrias,
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando

E ela inda está sambando
E ela inda está sambando

Quem não inveja a infeliz, feliz
No seu mundo de cetim, assim,
Debochando da dor, do pecado
Do tempo perdido, do jogo acabado

Ela desatinou, viu
Chegar quarta-feira
Acabar brincadeira,
Bandeiras se desmanchando

E ainda está sambando
E ainda está sambando
E ela inda está sambando
E ainda está sambando...

Chico Buarque



Deixa o Mundo e o Sol Entrar - Elis Regina (1979)

De repente, vejo bem
Eu sou alguém com medo de viver
Sou prisioneiro das coisas que eu amei
Mas não tem sentido estar na vida
Preso a quem não quero mais

De outro lado está você
Nessas promessas vou quase sem ver
Que esse amor aflito, guardado só pra nós
De tão grande já não dá no quarto
Pede o mundo e a luz do sol

Meu passado já morreu
Quem veio dele, sei, vai me entender
Que o amor existe enquanto há paixão
Siga, minha amiga, pela vida
E que eu viva um novo amor

De outro lado estamos nós
Sem compromissos vis
Sem lar, sem lei
Siga, minha amante
Enquanto houver amor

Abra as portas, todas deste quarto
Deixa o mundo e o sol entrar...
Abra as portas, todas deste quarto
Deixa o mundo e o sol entrar...
Abra as portas, todas deste quarto...

Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle






Uma Casa Portuguesa - Carlos Galhardo (1955)

Tu não te lembras da casinha pequenina
Onde o nosso amor nasceu
É uma casa portuguesa, com certeza
É, com certeza, uma casa portuguesa

Numa casa portuguesa fica bem
Pão e vinho sobre a mesa
E se à porta humildemente bate alguém
Senta-se à mesa com a gente

Fica bem esta franqueza, fica bem
Que o povo nunca desmente não
A alegria da pobreza
Está nesta grande riqueza
De dar, e ficar contente

Quatro paredes caiadas
Um cheirinho à alecrim
Um cacho de uvas doiradas
Quatro rosas num jardim

Um São José de azulejo
Mais o sol da primavera
Uma promessa de beijo
Dois braços à minha espera

É uma casa portuguesa, com certeza
É, com certeza, uma casa portuguesa

Quatro paredes caiadas
Um cheirinho à alecrim
Um cacho de uvas doiradas
Quatro rosas num jardim

Um São José de azulejo
Mais o sol da primavera
Uma promessa de beijo
Dois braços à minha espera

É uma casa portuguesa, com certeza
É, com certeza, uma casa portuguesa

Reinaldo Ferreira / Matos Sequeira / Artur Fonseca






Marcha da Quarta-Feira de Cinzas - Toquinho & Vinicius (1975)

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz

Seu canto de paz
Seu canto de paz
Seu canto de paz...

Carlos Lyra / Vinicius de Moraes






quarta-feira, 30 de maio de 2012

Somos Todos Iguais Nesta Noite - Ivan Lins (1977)

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo...

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Vamos entrar mais uma vez...

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo...

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado...
Vamos entrar mais uma vez...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...

Ivan Lins / Vitor Martins





Ituverava - Ivan Lins (1977)

Minha Ituverava
Mande um alazão
Mande uma andorinha
Mande o ribeirão

Mande meu canivete
Mande um canavial
Me mande um moleque
Me mande o meu quintal

Minha Ituverava
Mande uma procissão
Mande o Largo Velho
Mande uma assombração

Mande meu terno branco
Mande meu coração
Me mande a minha mala
Me mande a estação

Minha Ituverava
Sou o mesmo rapaz
Bebi da cachoeira
Tenho sede e quero mais

Minha Ituverava
Sou o mesmo rapaz
Bebi da cachoeira
Tenho sede e quero mais...

Ivan Lins / Vitor Martins






sábado, 19 de maio de 2012

Madalena Foi Pro Mar - Chico Buarque (1966)

Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios

Quem com ela se encontrar
Diga lá no alto mar
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos

Pra zombar dos olhos meus
No alto mar a vela acena
Tanto jeito tem de adeus
Tanto adeus de Madalena

Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios

Quem com ela se encontrar
Diga lá no alto mar
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos

É preciso não chorar
Maldizer, não vale a pena
Jesus manda perdoar
A mulher que é Madalena

Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios...

Chico Buarque











Rancho da Praça Onze - Dalva de Oliveira (1965)

Esta é a Praça Onze tão querida
Do carnaval a própria vida
Tudo é sempre carnaval

Vamos ver desta praça a poesia
E sempre em tom de alegria
Fazê-la internacional

A praça existe, alegre ou triste
Em nossa imaginação
A praça é nossa, e como é nossa
No Rio quatrocentão

Este é o meu Rio boa praça
Simbolizando nesta praça
Tantas praças que ele tem

Vamos da Zona Norte a Zona Sul
Deixar a vida toda azul
Mostrar da vida o que faz bem

Praça Onze, Praça Onze...

Chico Anísio / João Roberto Kelly






sexta-feira, 18 de maio de 2012

Juca Bobão - Wilson Simonal (1965)

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
Você tira onda
De Juca Bobão

Tem tanto brotinho
Esperando um par
E você parado
Sem tomar decisão

Balança este samba
Que é tão bom de dançar
Foi feito deste jeito
Numa só divisão

Mexe o corpo assim
Os pés assim, olhe bem
Veja que as garotas
Todas sabem dançar

Dê um passo à frente
E outro atrás, sem parar
Depois uma voltinha
Até o mesmo lugar

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
A turma vai chamar você
De Juca Bobão

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
Você tira onda
De Juca Bobão

Tem tanto brotinho
Esperando um par
E você parado
Sem tomar decisão

Dance este samba
Que é tão bom de dançar
Foi feito deste jeito
Numa só divisão

Mexe o corpo assim
Os pés assim, olhe bem...

Dê um passo à frente
E outro atrás, sem parar
Depois uma voltinha
Até o mesmo lugar

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
A turma vai chamar você
De Juca Bobão

Mas é que a turma
Vai chamar você
de Juca Bobão

A turma
Vai chamar você
de Juca Bobão...

Del Loro






Vento de Maio - Claudia (1967)

Oi, você que vem de longe
Caminhando a tanto tempo
Que vem de vida cansada
Carregada pelo vento

Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento
Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento

"Desafeie" dessa tristeza
Que lhe dou de garantia
A certeza mais segura
Que mais dia menos dia

No peito de todo mundo vai bater a alegria
No peito de todo mundo vai bater a alegria

Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô

Oi, meu irmão fique certo
Não demora e vai chegar
Aquele vento mais brando
E aquele claro luar

Que por dentro desta noite te ajudaram a voltar
Que por dentro desta noite te ajudaram a voltar

Monte em seu cavalo baio
Que o vento já vai soprar
Vai romper o mês de maio
Não é hora de parar

Galopando na firmeza
Mais depressa vai chegar
Galopando na firmeza
Mais depressa vai chegar

Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô

Oi, você que vem de longe
Caminhando a tanto tempo
Que vem de vida cansada
Carregada pelo vento

Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento
Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento

"Desafeie" dessa tristeza
Que lhe dou de garantia
A certeza mais segura
Que mais dia menos dia

No peito de todo mundo vai bater a alegria
No peito de todo mundo vai bater a alegria

Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô...

Gilberto Gil / Torquato Neto