quarta-feira, 30 de maio de 2012

Somos Todos Iguais Nesta Noite - Ivan Lins (1977)

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo...

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Vamos entrar mais uma vez...

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo...

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado...
Vamos entrar mais uma vez...

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro

Pede a banda
Pra tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...

Ivan Lins / Vitor Martins





Ituverava - Ivan Lins (1977)

Minha Ituverava
Mande um alazão
Mande uma andorinha
Mande o ribeirão

Mande meu canivete
Mande um canavial
Me mande um moleque
Me mande o meu quintal

Minha Ituverava
Mande uma procissão
Mande o Largo Velho
Mande uma assombração

Mande meu terno branco
Mande meu coração
Me mande a minha mala
Me mande a estação

Minha Ituverava
Sou o mesmo rapaz
Bebi da cachoeira
Tenho sede e quero mais

Minha Ituverava
Sou o mesmo rapaz
Bebi da cachoeira
Tenho sede e quero mais...

Ivan Lins / Vitor Martins






sábado, 19 de maio de 2012

Madalena Foi Pro Mar - Chico Buarque (1966)

Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios

Quem com ela se encontrar
Diga lá no alto mar
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos

Pra zombar dos olhos meus
No alto mar a vela acena
Tanto jeito tem de adeus
Tanto adeus de Madalena

Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios

Quem com ela se encontrar
Diga lá no alto mar
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos
Que é preciso voltar já
Pra cuidar dos nossos filhos

É preciso não chorar
Maldizer, não vale a pena
Jesus manda perdoar
A mulher que é Madalena

Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios
Madalena foi pro mar
E eu fiquei a ver navios...

Chico Buarque











Rancho da Praça Onze - Dalva de Oliveira (1965)

Esta é a Praça Onze tão querida
Do carnaval a própria vida
Tudo é sempre carnaval

Vamos ver desta praça a poesia
E sempre em tom de alegria
Fazê-la internacional

A praça existe, alegre ou triste
Em nossa imaginação
A praça é nossa, e como é nossa
No Rio quatrocentão

Este é o meu Rio boa praça
Simbolizando nesta praça
Tantas praças que ele tem

Vamos da Zona Norte a Zona Sul
Deixar a vida toda azul
Mostrar da vida o que faz bem

Praça Onze, Praça Onze...

Chico Anísio / João Roberto Kelly






sexta-feira, 18 de maio de 2012

Juca Bobão - Wilson Simonal (1965)

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
Você tira onda
De Juca Bobão

Tem tanto brotinho
Esperando um par
E você parado
Sem tomar decisão

Balança este samba
Que é tão bom de dançar
Foi feito deste jeito
Numa só divisão

Mexe o corpo assim
Os pés assim, olhe bem
Veja que as garotas
Todas sabem dançar

Dê um passo à frente
E outro atrás, sem parar
Depois uma voltinha
Até o mesmo lugar

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
A turma vai chamar você
De Juca Bobão

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
Você tira onda
De Juca Bobão

Tem tanto brotinho
Esperando um par
E você parado
Sem tomar decisão

Dance este samba
Que é tão bom de dançar
Foi feito deste jeito
Numa só divisão

Mexe o corpo assim
Os pés assim, olhe bem...

Dê um passo à frente
E outro atrás, sem parar
Depois uma voltinha
Até o mesmo lugar

Juca, pegue o broto
E vá dançar no salão
Já é tempo de você mostrar
Que é demais

Deixa a timidez
Balance o corpo, ou então
A turma vai chamar você
De Juca Bobão

Mas é que a turma
Vai chamar você
de Juca Bobão

A turma
Vai chamar você
de Juca Bobão...

Del Loro






Vento de Maio - Claudia (1967)

Oi, você que vem de longe
Caminhando a tanto tempo
Que vem de vida cansada
Carregada pelo vento

Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento
Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento

"Desafeie" dessa tristeza
Que lhe dou de garantia
A certeza mais segura
Que mais dia menos dia

No peito de todo mundo vai bater a alegria
No peito de todo mundo vai bater a alegria

Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô

Oi, meu irmão fique certo
Não demora e vai chegar
Aquele vento mais brando
E aquele claro luar

Que por dentro desta noite te ajudaram a voltar
Que por dentro desta noite te ajudaram a voltar

Monte em seu cavalo baio
Que o vento já vai soprar
Vai romper o mês de maio
Não é hora de parar

Galopando na firmeza
Mais depressa vai chegar
Galopando na firmeza
Mais depressa vai chegar

Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô

Oi, você que vem de longe
Caminhando a tanto tempo
Que vem de vida cansada
Carregada pelo vento

Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento
Oi, você que vem chegando
Vá entrando e tome assento

"Desafeie" dessa tristeza
Que lhe dou de garantia
A certeza mais segura
Que mais dia menos dia

No peito de todo mundo vai bater a alegria
No peito de todo mundo vai bater a alegria

Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô
Ô ô ô ô, ô ô ô...

Gilberto Gil / Torquato Neto






O Lamento da Lavadeira - Marlene (1956)

Sabão, um pedacinho assim
A água, um pinguinho assim
O tanque, um tanquinho assim
A roupa, um montão assim

Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá

Quintal, um quintalzinho assim
A corda, uma cordinha assim
O sol, um solzinho assim
A roupa, um montão assim

Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá

A sala, uma salinha assim
A mesa, uma mesinha assim
O ferro, um ferrinho assim
A roupa, um montão assim

Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá

Trabalho um tantão assim
Cansaço é bastante sim
A roupa um montão assim
Dinheiro um tiquinho assim

Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá

Sabão, pedacinho assim
A água, pinguinho assim
O tanque, tanquinho assim
A roupa, um montão assim

Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá

Quintal, quintalzinho assim
A corda, uma cordinha assim
O sol, um solzinho assim
A roupa, um montão assim

Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá

A sala, uma salinha assim
A mesa, uma mesinha assim
O ferro, um ferrinho assim
A roupa, um montão assim

Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá

Trabalho um tantão assim
Cansaço é bastante sim
A roupa um montão assim
Dinheiro um tiquinho assim

Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá...

Monsueto / João Violão / Nilo Chagas






Três Apitos - Aracy de Almeida (1965)

Quando o apito
Da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você

Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
E está interessada
Em fingir que não me vê

Você que atende ao apito
De uma chaminé de barro
Porque não atende ao grito tão aflito
Da buzina do meu carro

Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé com agasalho
Nem no frio você crê

Mas você é mesmo
Artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você

Nos meus olhos você lê
Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente, impertinente
Que dá ordens a você

Que sou do sereno
Poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno
E você sabe porquê

Mas você não sabe
Enquanto você faz pano
Faço junto ao piano
Estes versos pra você

Você que atende ao apito
De uma chaminé de barro
Porque não atende ao grito tão aflito
Da buzina do meu carro

Noel Rosa












As Pastorinhas - Cauby Peixoto (1957)

A estrela d'alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor

E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor

Linda pastora
Morena da cor de Madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar

Linda criança
Tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De tanto, tanto, te amar

Linda pastora
Morena da cor de Madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar

Linda criança
Tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De tanto, tanto, te amar

João de Barro / Noel Rosa






quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sonho de Um Carnaval - Chico Buarque (1966)

Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano

Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão e hoje, nem lembra não
Quarta-feira sempre desce o pano

Era uma canção, um só cordão
E uma vontade
De tomar a mão
De cada irmão pela cidade

No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança

No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança

Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança...

Chico Buarque












O Barquinho - Maysa (1961)

Dia de luz, festa de sol
Um barquinho a deslizar
No macio azul do mar

Tudo é verão, amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar

Sem intenção, nossa canção
Vai saindo deste mar e o sol
Vejo o barco e luz, dias tão azuis

Volta do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade é de cantar

Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho ao coração
Deslizando na canção

Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão e então
O barquinho vai, a tardinha cai

Volta do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade é de cantar

Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho ao coração
Deslizando na canção

Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão e então

O barquinho vai, a tardinha cai
O barquinho vai, a tardinha cai
O barquinho...

Ronaldo Bôscoli / Roberto Menescal






sábado, 12 de maio de 2012

Alô, Alô, Marciano - Elis Regina (1980)

Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down no high society

Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society
Down, down, down

Alô, alô, marciano
A crise tá virando zona
Cada um por si todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down no high society

Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society
Down, down, down

Alô, alô, marciano
A coisa tá ficando ruça
Muita patrulha, muita bagunça
O muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá pra atolar Alá
Tá cada vez mais down no high society

Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society
Down, down, down

Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down no high society

Down, down, down
No high society
Down, down, down
No high society

E, down, down, down
No high society
Down, down, down
High society

Ah, gente fina é outra coisa!

E, down, down, down
High society
Down, down, down
High society

Não se fazem mais countries como antigamente!

High society, high society,
High society, iê, high society

E down, down, down
High Society
Down, down, down,
High society...

Rita Lee / Roberto de Carvalho






No Céu da Vibração - Elis Regina (1980)

Os homens são mortais
Todos os animais
Os vegetais
Também o são

Como será
Não ser assim?
Não precisar
O começo, o meio, o fim?

A encarnação, Deus, como será
Não estar aqui nem lá?
E tão somente andar ao léu
No céu da vibração?

Para os olhos, vê-se a cor
Para os ouvidos, o som
Para os corações, o fogo do amor
E para os puros, o que é bom

Só me resta agradecer
E aguardar a ocasião
De tão somente andar ao léu
No céu da vibração!

Os homens são mortais
Todos os animais
Os vegetais
Também o são

Como será
Não ser assim?
Não precisar
O começo, o meio, o fim?

A encarnação, Deus, como será
Não estar aqui nem lá?
E tão somente andar ao léu
No céu da vibração?

Para os olhos, vê-se a cor
Para os ouvidos, o som
Para os corações, o fogo do amor
E para os puros, o que é bom

Só me resta agradecer
E aguardar a ocasião
De tão somente andar ao léu
No céu da vibração!

Para os olhos, vê-se a cor
Para os ouvidos, o som
Para os corações, o fogo do amor
E para os puros, o que é bom

Só me resta agradecer
E aguardar a ocasião
De tão somente andar ao léu
No céu da vibração!

Para os olhos, vê-se a cor
Para os ouvidos, o som
Para os corações, o fogo do amor
E para os puros, o que é bom...

Gilberto Gil






sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tristeza do Jeca - Tonico & Tinoco (1958)

Nestes verso tão singelo
Minha bela, meu amor
Pra mercê quero contar
O meu sofre e a minha dor

Eu sô como sabiá
Quando canta é só tristeza
Desde o gaio onde ele está

Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade

Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira chão
Tudo cheio de buraco
Donde a lua fai clarão

Quando chega a madrugada
Lá no mato a passarada
Principia um baruião

Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade

O choro que vai caindo
Devagá vai se sumindo
Como as água vão pro mar

Angelino de Oliveira







quinta-feira, 10 de maio de 2012

Praça Mauá - Dolores Duran (1960)

Praça Mauá
Praça feia, mal falada
Mulheres na madrugada
Onde bobo não tem vez

Praça Mauá
Dos lotações de subúrbio
Lugar comum do distúrbio
Nos trinta dias do mês

Se algum dia
Eu mandar nesta cidade
Serás praça da saudade
Do adeus, da emoção

Praça Mauá
O nome nos traz à mente
Um soluço, um beijo quente
E um lenço branco na mão

Se algum dia
Eu mandar nesta cidade
Serás praça da saudade
Do adeus, da emoção

Praça Mauá
O nome nos traz à mente
Um soluço, um beijo quente
E um lenço branco na mão

Praça Mauá, Praça Mauá, Praça Mauá...

Billy Blanco






A Estrada e o Violeiro - Sidney Miller e Nara Leão (1967)

Sou violeiro caminhando só,
Por uma estrada caminhando só,
Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade, só

Parece um cordão sem ponta
Pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra,
A terra de lado a lado

Estrada de Sul a Norte,
Eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte

De dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço,
De amor, de vida e de morte

Eu que já corri o mundo
Cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo
E a visão maior que a sua

Muita coisa tenho visto
Nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto

Neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso
Pra contar o que eu assisto

Trago comigo uma viola só,
Para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só,
Porque sozinho vou à pé e pó

Guarde sempre na lembrança
Que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança,
Mas a terra continua

Segue em frente, violeiro,
Que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro

Na procura da alegria,
Pois quem anda noite e dia
Sempre encontra um companheiro

Minha estrada, meu caminho,
Me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho,
Quem vai lá na minha frente?

Tanta gente, tão ligeira,
Que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro,

Fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra,
Vai na frente um povo inteiro

Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só,
Choro em meu pranto é pau, é pedra, é pó

Se esse rumo assim foi feito,
Sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito,
Desafio e desafino

Mudo a sorte do meu canto,
Mudo o Norte dessa estrada
Em meu povo não há santo,

Não há força, não há forte
Não há morte, não há nada
Que me faça sofrer tanto

Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Que eu também quero um dia poder levar
Toda gente que virá, caminhando,
Procurando, na certeza de encontrar

Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Que eu também quero um dia poder levar
Toda gente que virá, caminhando,
Procurando, na certeza de encontrar...

Sidney Miller













Superbacana - Caetano Veloso (1968)

Toda essa gente se engana
Ou então finge que não vê que eu nasci
Pra ser o superbacana
Eu nasci pra ser o superbacana

Superbacana, Superbacana
Superbacana, Super-homem
Superflit, Supervinc
Superist, Superbacana

Estilhaços sobre Copacabana
O mundo em Copacabana
Tudo em Copacabana, Copacabana

O mundo explode longe, muito longe
O sol responde, o tempo esconde
O vento espalha e as migalhas
Caem todas sobre Copacabana, me engana

Esconde o superamendoim
O espinafre, o biotônico
O comando do avião supersônico

Do parque eletrônico
Do poder atômico
Do avanço econômico

A moeda número um do Tio Patinhas não é minha
Um batalhão de cowboys
Barra a entrada da legião dos super-heróis

E eu superbacana
Vou sonhando até explodir colorido
No sol, nos cinco sentidos
Nada no bolso ou nas mãos

Um instante, maestro!

Super-homem, Superflit
Supervinc, Superist
Superviva, Supershell
Superquentão...

Caetano Veloso






domingo, 6 de maio de 2012

Olhos Verdes - Dalva de Oliveira (1973)

Vem de uma remota batucada
Uma cadência bem marcada
Que uma baiana tem no andar

E nos seus requebros e maneiras
Na graça toda das palmeiras
Esguias, altaneiras, a balançar

São da cor do mar, da cor da mata
Os olhos verdes da mulata
Tão cismadores e fatais, fatais

E num beijo ardente perfumado
Conserva o cravo do pecado
Dos saborosos cambucais

São da cor do mar, da cor da mata
Os olhos verdes da mulata
Tão cismadores e fatais, fatais

E num beijo ardente perfumado
Conserva o cravo do pecado
Dos saborosos cambucais

Vicente Paiva






Caçador de Mim - Milton Nascimento (1981)

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim

Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim

Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito à força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim

Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito à força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim

Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Sérgio Magrão / Luiz Carlos Sá






Nem Vem Que Não Tem - Wilson Simonal (1967)

Nem vem que não tem
Nem vem de garfo
Que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro
Passa a minha roupa
Eu nesse embalo
Vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

Nem vem que não tem
Nem vem de escada
Que o incêndio é no porão
Tira o tamanco
Tem sinteco no chão
Eu nesse embalo
Vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

Nem vem!
Numa casa de caboclo
Já disseram um é pouco
Dois é bom, três é demais

Nem vem!
Guarda seu lugar na fila
Todo homem que vacila
A mulher passa pra trás...

Nem vem que não tem
Pra virar cinza
Minha brasa demora
Michô meu papo
Mas já vamos s'imbora
Eu nesse embalo
Vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...

Nem vem!
Numa casa de caboclo
Já disseram um é pouco
Dois é bom, três é demais

Nem vem!
Guarda teu lugar na fila
Todo homem que vacila
A mulher passa pra trás...

Nem vem que não tem!

Carlos Imperial